27.10.10

Sem voz

.

Mesmo quando uma relação termina ou se perde, independentemente do tipo de relação, mesmo quando ela se desvanece e deixamos de ter contacto com a pessoa com quem a partilhávamos, mesmo assim ela, a pessoa, não deixa de existir para nós.

Muitas vezes nos passa pelo pensamento, deambula dentro de nós e questionamo-nos se nós também nos passearemos pelos seus pensamentos?! A maior parte das vezes convencemo-nos que não, que nunca mais nos procurou, logo nós não estamos presentes no seu pensamento, somos-lhe indiferentes. Somos alguém de quem se lembram se forem lembrados da nossa existência mas apenas por isso, porque foram forçados por alguém a lembrar-se de nós. Se assim não fosse, procurar-nos-iam, e não o fazem!

Muitas vezes quando pensamos nessa pessoa desejamos secretamente que também ela pense em nós da forma que pensamos nela, mas rapidamente tomamos consciência de que tal não acontece. Talvez seja a forma de nos protegermos e tentarmos afastá-la do nosso pensamento, caso contrário levamo-nos à loucura. Desejamos secretamente que essa pessoa pense tanto em nós como nós nela, mas no fundo acreditamos que não passa de um desejo nosso, porque a realidade, essa será diferente. E apesar de desejarmos um dia perceber que também somos lembrados com a mesma intensidade, independentemente das condicionantes, sabemos e acreditamos que nunca aconteceu nem acontecerá.

Mas... Às vezes os nossos desejos tornam-se mesmo realidade. Às vezes, muito tempo depois, descobrimos que também nós fomos lembrados da mesma forma pela outra pessoa, e também nós nos passeámos pelo seu pensamento tal como ela se passeou pelo nosso. E diz-nos isso!

E nós? Nós ficamos calados e somos incapazes de responder. Porquê? Porque é demasiado bom para ser verdade! Porque as condicionantes agora são realmente diferentes e porque... talvez porque queiramos muito retribuir o que ouvimos mas simplesmente não somos capazes, porque congelamos! Porque de tanto querer dizer.. fazer... a inércia apodera-se de nós e.... simplesmente não fazemos nada. Damos ordem aos lábios para se movimentarem, às cordas vocais para se fazerem ouvir mas nada... nada nos obedece...

De que forma interpretará a outra pessoa a nossa reacção?! Será ela capaz de perceber a ausência de reciprocidade como uma incapacidade de reagir ou assumirá que essa reciprocidade não existe nem existiu?!
Infelizmente a segunda será a mais lógica... e mesmo sabendo disso.... continuamos incapazes de verbalizar o que as nossas acções gritam ininterruptamente....
                                                              
                                             és verdadeiramente único para mim! [e não to consigo dizer!]

.

0 cícios

Enviar um comentário